Humanização
HUMANIZAÇÃO, EDUCAÇÃO E CULTURA
Duração: 4’06”
VICTOR HORÁCIO: Porque a pediatria daqui é diferente. Uma pediatria mais humanizada. Uma pediatria que ela é mais completa, no sentido de que você não avalia só a criança na doença, você avalia a criança também na estrutura familiar, você cria um vínculo muito grande com a família. Então essa bandeira da humanização, ela faz com que a gente valorize bastante esses aspectos no atendimento da criança.
TATIANA FORTE: Aí a gente começou a trabalhar com os preparos pra cirurgias de grande porte, aproximar as equipes das crianças estabelecendo um diálogo. Porque a cultura era de não dialogar, porque crianças não entendem, né?, e essa prática foi se fortalecendo. A humanização passa a ser o nosso carro chefe, desde a entrada, desde a portaria, até a diretora geral do complexo.
FÁBIO MOTTA: E são, acho que, com certeza milhares de histórias fantásticas de vidas transformadas por conta do que encontraram aqui, em todos os sentidos. Não só no sentido da resolutividade médica, digamos, mas no sentido do humanismo, do trabalho que educação e cultura faz.
MARIA GLOSS: Tem uma parte da humanização, que é o Setor de Educação e Cultura, que existe desde 2002, quando ainda era uma baita novidade. E aliás, atualmente ainda é uma novidade você ter uma célula dentro de um hospital que é contratada pelo próprio hospital. Para além da parceria com o estado e com o município, que cede professores, né? Mas a estrutura, a organização, a gestão do setor, é puxada pelo Hospital. Porque acredita que educação faz parte da saúde.
CLÁUDIO TEIXEIRA: O Pequeno Príncipe ele tem ações de educação desde o final dos anos 80 – quando a gente teve os primeiros convênios com o estado e com a prefeitura – mas a partir de 2002 foi criado o Setor de Educação e Cultura. Houve um grande investimento da direção do hospital. Isso tem que ser registrado, o apoio que a gente tem no setor é o maior possível. Nunca falta nada. A gente tem sempre as melhores condições de equipamento, de pessoal, de materiais, de tudo né?, pra realizar nosso trabalho. E, com isso, o setor, que começou pequenininho, foi crescendo aos poucos até chegar na situação atual.
TATIANA FORTE: Quando você traz a arte, a cultura, quando você traz o brincar, quando você traz o desenvolvimento normal pra dentro, com todos os estímulos que ele pode ter, você tá montando uma rede pra essa criança e pra esse adolescente, de manutenção do seu desenvolvimento. E essa é a diferença. É você não fazer a parada do desenvolvimento.
CLÁUDIO TEIXEIRA: A criançada que está com a gente esquece que… às vezes até que tá doendo, que… a situação dela, que às vezes não são situações tão fáceis. Isso desestressa também nas enfermarias. A equipe de enfermagem e de médicos tem mais tempo pra dedicar pra aquelas crianças que estão realmente mais necessitadas naquele momento. Não precisam ficar se dividindo tanto entre as crianças, porque uma parte da criançada vai estar lá se divertindo com a gente, aprendendo.
DONA ETY: Primeiro que eu acho que, assim, que o contacto com o belo deve melhorar a saúde. Segundo, que todo hospital que eu já fui na minha vida, ou que eu ia – porque todo mundo copia o Pequeno Príncipe -, era aquele horror. Parede cinza, bege claro. Tinha mais cara de necrotério do que de hospital de criança. Quando nós pintamos pela primeira vez o Hospital de amarelo, os médicos quase desmaiaram. Então nós, aqui, nós não tratamos doenças, nós tratamos doentes.”