Família Participante
FAMÍLIA PARTICIPANTE
Duração: 2’45”
ETY CRISTINA: Cultura não se muda com muita facilidade. Então foi uma quebra de paradigma trazer a família da criança pro Hospital, foi uma enorme quebra de paradigma olhar para a pessoa e não para a doença, trazer um acolhimento e um cuidado multiprofissional, incluindo a família e não a internação em solitário.
TATIANA FORTE: Em oitenta e cinco eu visitei o Hospital Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo, fui conhecer o trabalho de uma colega, e ela havia implantado o acompanhamento das crianças pelas mães. E lá, eu pensei: bom, nós temos o maior hospital pediátrico da América Latina, como que é que nós podemos nos chamar uma instituição de saúde, se nós afastamos da criança e do adolescente o vínculo mais forte que eles tem, numa fase onde eles tem uma necessidade muito grande de apoio, de afeto, de manutenção dos seus referenciais de formação básicos, né? E aí, trouxe para o Hospital a ideia de implementar o Família Participante.
ETY CRISTINA: Quem primeiro acolheu esse programa foi a oncologia, e rapidamente, três meses depois, os setores que diziam que lá a família nunca ia pôr o pé, iam conversar com a psicologia, pedindo “traz o mãe participante para cá”, que no começo era só mãe. Depois rapidamente também a equipe percebeu que precisavam ser outros cuidadores, né?
FÁBIO SALLUM: Isso eu acho um projeto fantástico. Porque você imagine, uma criança que convive 24 horas por dia com o pai e com a mãe, e repentinamente ela é tirada de casa, ela é levada pra um hospital onde só tem gente desconhecida, e o pai e mãe somem.
SILMARA POSSAS: Porque os bebês conhecem. Não importa se eles estão com 600 gramas, 700 gramas, se eles passaram por cinco cirurgias. A criança reage ao tato materno, paterno.
NÁDIA PEREIRA: Uma hospitalização já é um processo traumático. Uma hospitalização de um paciente que tá doente, que tá com dor, tudo isso, e sem a família, é muito mais traumático. E aí foi uma mudança assim, radical, uma coisa que eu percebi que foi gritante. Então é impressionante, você entra dentro do Hospital e você não escuta o choro de criança.
TATIANA FORTE: Fizemos a implantação do Família Participante no hospital todo, diminuímos a média de internação de 17 pra 3,7 dias, esse índice varia um porquinho pra 4,7, mas isso é um ganho em termos de saúde que não tem preço.